Na edição anterior, comecei a apresentar alguns elementos importantes para a composição do Ofício Divino a ser usado na catequese. Seguem os outros elementos:
Recordação da vida: os fatos e acontecimentos do dia-a-dia, desde aqueles mais próximos da realidade dos catequizandos (família, bairro, cidade) até os mais distantes, são evocados para que a vida concreta seja rezada, celebrada. São recordados acontecimentos bons e ruins, sinais de alegria e também de tristeza. Afinal, tudo é vida, tudo é conteúdo de oração.
Salmo: elemento essencial do Ofício, um salmo é sempre cantado. De acordo com a possibilidade da assembléia, seja cantado por todos, de preferência em dois coros; outro modo de rezar o salmo é respondendo a um refrão, entre estrofes entoadas por um solista. O salmo também é escolhido de acordo com o tema do dia. O Ofício das Comunidades traz versões bem populares e práticas para a celebração. De acordo com a idade das crianças, preferência seja dada a salmos simplificados, com poucas estrofes e com palavras bem compreensíveis.
Texto bíblico: seguindo o tema proposto para a celebração, um texto bíblico é escolhido e solenemente proclamado. Pode ser precedido por um canto de escuta e aconselha-se que sempre seja seguido de um tempo de silêncio, partilha ou brevíssima reflexão.
Reflexão catequética: para aprofundar o sentido do tema escolhido, aqui é o momento apropriado para um comentário sobre o símbolo litúrgico. Essa reflexão visa a ajudar os catequizandos na compreensão simbólica, o que facilitará imensamente posteriores experiências com esse símbolo, sobretudo na Missa.
Prece, louvor, ação de graças: nesse momento, o grupo é convidado a fazer eco da Palavra e do tema já desenvolvido desde o início da celebração, fazendo orações espontâneas ou previamente preparadas. É interessante concluir esse momento de oração com a oração por excelência, o Pai-Nosso. Bem motivado, esse momento acontece de modo muito bonito, pois as crianças sabem ser muito sinceras e espontâneas!
Oração final e conclusão: uma breve oração e o pedido das bênçãos de Deus encerram o Oficio catequético.
Pe. Vanildo Paiva
Especialista em Catequese e Liturgia
15.04.2013
A importância da celebração eucarística
A celebração Eucarística é, por excelência, a mais completa forma de celebrar a fé e a vida. Se toda a liturgia é ponto de chegada e ponto de partida da vida da Igreja (cf. SC 10), muito mais se pode dizer da Missa. A presença do Ressuscitado é sinal de esperança e coragem, para que vençamos nossa história cotidiana de paixão e vejamos florescer, em nosso meio, os sinais da vida em plenitude. Para a Catequese, a celebração Eucarística tem um sentido muito forte. Na verdade, a catequese inicial tem na Eucaristia uma das suas maiores referências. Ainda que a Eucaristia não seja ponto final da caminhada catequética, mas passagem sempre constante e renovadora, ela ocupa grande parte da atenção e esforços do processo catequético.
Tem sentido “Missa com Crianças”?
Há um antigo documento da CNBB, “Diretório para missas com grupos populares”, número 11, que traz interessantes considerações sobre a Missa com crianças. Lá se lê: “Portanto, os catequistas devem se empenhar nessa tarefa, a fim de que as crianças, conscientes de um certo sentido de Deus e das coisas divinas, experimentem, segundo a idade e o progresso pessoal, os valores inseridos na celebração eucarística, tais como: ação comunitária, acolhimento, capacidade de ouvir, bem como a de pedir perdão, ação de graças, percepção das ações simbólicas, da convivência fraterna e da celebração festiva.”
A comunhão eucarística ocupa posição relevante dentro da celebração da Missa. É uma das maneiras privilegiadas da presença do próprio Senhor na vida de seu povo (cf. SC 07), venerada e amada pela Igreja desde seu início. É a ceia do Senhor, memória daquela noite santa em que o próprio Jesus deixou o seu Corpo e seu Sangue como alimento, sob as espécies do pão e do vinho.
O mesmo Deus, que se dá em alimento no mistério do Pão e do Vinho consagrados, também se oferece em alimento na sua Palavra, que antecede e prepara a comunhão eucarística, na unidade das duas “mesas”. A constituição conciliar sobre a Palavra de Deus, Dei Verbum, já proclamava: “A Igreja sempre venerou as divinas Escrituras, da mesma forma como o próprio Corpo do Senhor, já que, principalmente na Sagrada Liturgia, sem cessar toma da mesa, tanto da Palavra de Deus quanto do Corpo do Cristo, o pão da vida, e o distribui aos fiéis” (21).
Sendo assim, a Missa com Crianças tem mais sentido e é realmente uma iniciação à Eucaristia se conta com boa participação daquelas crianças que já fizeram a sua Primeira Eucaristia, e também com a presença de adultos que comungam. O exemplo de amor e devoção à Eucaristia é assimilado na co-participação das crianças na mesma assembléia litúrgica, ainda que não participem do Pão e do Vinho consagrados. Todos, no entanto, são alimentados pela Palavra, assim como tantos que estão excluídos do Sacramento da Eucaristia são exortados à escuta da Palavra na celebração da Missa (cf. Encíclica Familiaris Consortio, 84).
Isso não dispensa, pelo contrário, incentiva outras modalidades de celebração, com alguns elementos comuns à própria Missa. Sobretudo a escuta da Palavra deverá marcar esses encontros celebrativos, além de símbolos que ajudem na oração e conduzam à participação mais plena e consciente da Missa (cf. SC 11) e à vivência do ano litúrgico (cf. SC 102).
Pe. Vanildo Paiva
Especialista em Catequese e Liturgia
Na edição anterior, trazíamos os seguintes questionamentos a respeito da celebração do Sacramento da Reconciliação: será que há alternativas quanto à celebração desse importante sacramento? O que podemos fazer para deixá-lo menos “sofrível” por parte de nossos catequizandos e de nossos padres?
Valorizar o Sacramento da Reconciliação em si mesmo
Um primeiro passo necessário é valorizar o Sacramento da Reconciliação em si mesmo, tirando-o da sombra do Sacramento da Eucaristia. Isso exige um longo trabalho da conscientização, não somente dos catequizandos, mas de todo cristão, de que o Sacramento da Penitência tem sua eficácia e frutos próprios, mesmo sem a Eucaristia. Explicando melhor: costumamos vincular necessariamente um ao outro, quando passamos a idéia de que “temos que fazer a confissão para comungar”, como se ouve sempre, inclusive na catequese. Assim, passa-se a ideia de que o Sacramento da Reconciliação só existe por causa da comunhão eucarística. No entanto, se a comunhão eucarística tem como condição a comunhão plena com Deus e com os irmãos - o que a confissão sacramental pode garantir - é fato que o Sacramento da Reconciliação também pode e deve ser buscado, mesmo se a pessoa ainda não participa da comunhão eucarística.
Os frutos do Sacramento da Reconciliação
Mas, quais seriam esses frutos próprios do Sacramento da Reconciliação? Certamente, ele é muito mais que um “descarrego” de pecados. É um exercício de conversão contínua, um exame permanente de nossas posturas e comportamentos, que leva a uma vida cada vez mais sintonizada com o projeto de Deus. O convite à reconciliação faz crescer a consciência do quanto ferimos a amizade, o amor e a comunhão com Deus, sobretudo quando falhamos no amor ao nosso semelhante. A vivência desse sacramento liberta para uma vida mais feliz, equilibra a relação com Deus, que passa a ser pautada pelo amor, e não pelo medo. Faz-nos perceber o quanto somos frágeis e também o quanto isso não nos torna menores diante de Deus, mas nos impulsiona a uma superação constante das próprias limitações.
Quem frequentemente busca a confissão, sem escrúpulos e sem temores descabidos, vai descobrindo lentamente a sábia pedagogia de Deus, que nos conduz ao seu amor, entre tropeços e quedas tão comuns ao nosso ser criatural. Refina a visão crítica de si mesmo, ao mesmo tempo que aprende a ser tolerante consigo e com o próximo. Sobretudo, insere sua vida no mistério salvífico da cruz do Senhor, que a todos resgata na sua imensa misericórdia.
Pe. Vanildo Paiva
Especialista em Catequese e Liturgia
Aumentam, dia após dia, as dificuldades relativas à vivência do Sacramento da Reconciliação (confissão ou penitência). O crescimento de uma concepção individualista de responsabilidade pessoal, a imagem de Deus que está introjetada por certos tipos de catequese, o afrouxamento ou quase extinção da noção de pecado por parte de setores da sociedade, o deslocamento da religião cada vez mais para o foro íntimo e privado, certa crise de autoridade e credibilidade que se abate sobre a Igreja enquanto instituição, além de sérias dificuldades históricas já vividas pela teologia penitencial, são algumas das causas que geram resistência e questionamentos quanto a esse sacramento.
Em se tratando da sua celebração litúrgica, quase sempre ela é reduzida a um encontro pessoal do penitente com seu confessor, o padre, a não ser as raras celebrações comunitárias da Reconciliação. Ainda que suas modalidades de celebração não modifiquem nem comprometam sua validade, não há sombra de dúvidas que, quando celebrada comunitariamente, aparecem, de modo mais claro, suas dimensões de vida nova, cura, libertação, renovação da vida cristã, alegria pela misericórdia divina, louvor, festa, gratidão pelo amor de Cristo manifesto até o extremo da cruz, etc.
Por ser um sacramento cercado de tabus e questionamentos, não obstante sua beleza e rico sentido espiritual e vivencial, muitas vezes ele é celebrado num clima de medo e nervosismo, sobretudo quando da primeira vez, quase sempre às vésperas da Primeira Eucaristia. É comum, em nossas comunidades, vermos crianças aflitas, nas longas filas, à espera da sua primeira confissão, decorando o “ato de contrição” e contando nos dedos os pecados, um a um, inúmeras vezes, para não deixarem nenhum para trás!
Espera-se que, com o tempo e a prática, a participação nesse sacramento seja feita de modo mais tranquilo e frutuoso, sem as afetações próprias das primeiras experiências, até porque um primeiro contato com o confessor, sinal e mediador da bondade e da providência de Deus, pode ser um excelente estímulo para a valorização dessa experiência de cura, como a caracteriza a Igreja.
Será que há alternativas quanto à celebração desse importante sacramento? O que podemos fazer para deixá-lo menos “sofrível” por parte de nossos catequizandos e de nossos padres?
Pe. Vanildo Paiva
Especialista em Catequese e Liturgia
A questão da idade da pessoa a ser crismada tem ocupado boa parte dos debates a respeito do sacramento da Crisma. Sabemos que este sacramento estava (e está!) intimamente ligado aos sacramentos do Batismo e da Eucaristia e eram ministrados de uma vez só, na celebração da Vigília Pascal, no tempo do Catecumenato (séc. I ao V d.C., aproximadamente). Constituem um bloco ao qual chamamos de Sacramentos da Iniciação Cristã. Historicamente, estes sacramentos foram se separando uns dos outros, ficando o batismo quase que somente para crianças recém-nascidas, a Eucaristia para aqueles que têm o “uso da razão” e o sacramento da Crisma até hoje não encontrou ainda o seu lugar, sendo ministrado ora a crianças, ora a adolescentes ou adultos.
Atualmente ele coincide com a adolescência em quase todas as dioceses. No entanto, as mudanças do perfil do adolescente na sociedade pós-moderna, o fenômeno do “alargamento” dessa fase que hoje começa muito cedo e se estende até acima dos vinte anos, bem como as constantes decepções dos catequistas com seus crismandos, têm despertado sérias reflexões. Se o sacramento da crisma é teologicamente definido como sacramento da maturidade cristã, se uma carga de responsabilidades e decisões pesam sobre o crismando, se ele é chamado a fazer uma opção de fé clara, consciente e definitiva pela construção do Reino de Deus no mundo onde vive, certamente essas exigências não poderão coincidir com o período tumultuado da adolescência, tempo de buscas, descobertas, experiências, indefinições!...
Por ser tão significativo na vida do cristão e pelo seu aspecto essencialmente comunitário, o sacramento da Crisma merece ser celebrado numa grande festa litúrgica, com a presença de maior número possível de cristãos. É muito preocupante uma tendência anti-comunitária que está virando modo em algumas comunidades que simplesmente “dispensam” o povo da Missa no dia da Crisma para que os jovens crismandos, pais e padrinhos se acomodem melhor dentro do templo! Soluções mais pastorais são urgentes, que realmente ressaltem o caráter eclesial, ministerial e comunitário desse Sacramento.
A presença do bispo, que preside a celebração - a não ser que ele delegue esse ofício a algum padre - é uma marca importante para a vida da comunidade e dos próprios crismandos. Ela visa manifestar a unidade do povo de Deus e a variedade dos serviços, na Igreja e no mundo. É o momento em que o pastor recorda aos seus filhos, em tom paternal e amigo, sua responsabilidade de construtores do Reino de Deus, sempre guiados pelo Espírito do Ressuscitado, origem da missão.
Para que esse contato, tão importante para o bispo e para seu povo, não seja somente decorativo, é necessário resolver o problema do grande número de crismandos concentrados numa só celebração. Celebrar com grupos menores, em suas próprias comunidades, demanda maior atenção e tempo do bispo, mas dá à celebração um caráter mais personalizado e familiar. A celebração flui com muito mais tranquilidade, sem aquele esquema quase mecânico e frio, muitas vezes percebido em Missas onde catequizandos, familiares e demais participantes se acotovelam para “assistirem” ao rito tão raro e tradicional na história das nossas comunidades.
Pe. Vanildo Paiva
Especialista em Catequese e Liturgia
O Sacramento da Confirmação ou Crisma é definido como sacramento da maturidade cristã ou confirmação dos compromissos batismais. Deveria coincidir com um estágio adiantado de consciência do “ser cristão” e das responsabilidades que são inerentes a ele. É um sacramento que impulsiona ao testemunho da fé no mundo, na sociedade, ao mesmo tempo em que o exige para a sua realização. A plenitude dos dons do Espírito não é dada somente para o crescimento pessoal do cristão, mas, e principalmente, para o serviço aos outros e a coerência com o projeto de Jesus.
Como bem sabemos, esse sacramento nasceu integrado ao Batismo e à Eucaristia e só historicamente se separou deles. Como os demais, ele também sofreu um desgaste de compreensão, ficando, não raras vezes, bem deslocado do contexto sacramental e, especialmente, da vida do cristão. Na prática atual, apesar de tantos esclarecimentos e conscientização, ainda muitos não compreendem seu significado, e ele acaba sendo equiparado a uma “Pós-graduação” na caminhada catequética, da qual a Primeira Eucaristia é “Formatura”.
Quando alguém pode ser crismado? Assim como afirmamos a respeito da Primeira Eucaristia, também o fazemos sobre a Crisma: o critério prioritário não é a idade, mas sim o grau de maturidade e compromisso do crismando com a vida cristã. O que acontece, no entanto, é que se criou uma quase obrigatoriedade de conferir esse sacramento a adolescentes que fizeram sua Primeira Eucaristia e permanecem na Catequese, quase que exclusivamente para a Crisma. O Diretório Nacional de Catequese, no número194, g, aponta o que se espera do catequizando em processo de formação catequética, principalmente da preparação para a Crisma: “amadurecimento da fé, vinculação com a Igreja particular, engajamento na comunidade, envio missionário, compromisso social e testemunho cristão”.
As consequências de uma Crisma só por tradição ou conveniência, nós as conhecemos muito bem. Quantas e quantas vezes catequistas se sentem frustrados por verem a total dispersão daquele número imenso de adolescentes crismados na comunidade! Simplesmente desaparecem das celebrações litúrgicas, muitas vezes até exigidas como condição para que sejam crismados. O número dos que perseveram em alguma atividade na Igreja é bem pequeno. Se, no dia-a-dia, derem um bom testemunho e assumirem verdadeiramente os valores aprendidos na catequese, ainda terão compensado tantos esforços e insistências de pais e catequistas!
A situação exige mudanças efetivas e corajosas, sob risco de continuarmos um faz-de-conta, o que acaba desgastando todo mundo! Experiências positivas precisam ser mais divulgadas, já que alguns têm conseguido bons resultados com esquemas alternativos. Sobretudo, a questão merece um aprofundamento teológico e pastoral muito sério, a começar daqueles que lideram a caminhada da Igreja, desde os catequistas que, nas comunidades, se dedicam incansavelmente ao trabalho da educação na fé, até os não menos incansáveis bispos e padres. Enquanto o medo de “perder” jovens e um foco por demais sacramentalista se sobrepuserem ao verdadeiro significado da Crisma, continuaremos distantes de toda a riqueza teológica e vivencial desse importante sacramento.
Pe. Vanildo Paiva
Especialista em Catequese e Liturgia e professor do IRPAC
Uma questão que tem rendido desencontros em nossas comunidades está ligada ao local onde a celebração da Primeira Eucaristia deve acontecer. Alguns, simplesmente por questão de status, querem a matriz ou a igreja “mais bonita”; outros defendem a idéia de uma cerimônia reservada, em um local neutro, longe das pessoas que freqüentam normalmente a vida litúrgica da comunidade; outros, ainda, têm boas razões para querer que a celebração aconteça na própria comunidade onde moram as crianças, seja na igreja ou capela, se houver, ou no local onde os membros da comunidade normalmente se reúnem para as suas liturgias.
As duas primeiras posições parecem contrariar, na essência, o que a celebração significa e realiza! A última alternativa aponta para a opção melhor e mais coerente. O templo, ou local do encontro dos irmãos na fé, é um referencial e um sinal sagrado da vida comunitária, seja uma igreja matriz, uma capelinha do bairro ou mesmo um salão. Na verdade, o local é muito mais que “um local”. Seu sentido simbólico transcende qualquer outro atributo, seja estético ou prático, isto é, a beleza do local não é o mais importante para uma comunidade, e sim o quanto, ali, os membros daquela comunidade vivem sua fé e a alimentam, na oração e na unidade. Ele representa a caminhada das pessoas que nela se reúnem e rezam, é ponto de chegada e de partida das mais diversas experiências de fé e de escuta da Palavra, é sede de decisões e de iniciativas em favor do bem comum... E é, sem dúvida nenhuma, o local privilegiado para se realizar a celebração da Primeira Eucaristia, se nele os catequizandos já participaram e participarão de muitas outras celebrações litúrgicas. Status e aparências contradizem o sentido da própria Eucaristia!
Se os catequizandos e familiares estão inseridos na vida de uma comunidade, é mais do que necessário e significativo que esses irmãos na vivência eucarística participem, acolham, apóiem, se entusiasmem e vibrem de satisfação, unindo-se às alegrias dos que são introduzidos na comunhão plena da Igreja. Desse modo, além de ajudar na realização da festa eucarística, toda a comunidade se comprometerá em ser exemplo e incentivo para que os catequizandos continuem perseverantes na participação das celebrações e da vida em comunidade.
Pe. Vanildo Paiva
Especialista em Catequese e Liturgia
Celebrar é envolver-se com o rito, é tomar parte em cada momento, com as disposições necessárias para aproveitar o máximo deles, em vista de uma experiência profunda do Deus da vida. É permitir que a estrutura da celebração esteja a serviço do louvor de Deus e da santificação de cada participante, colocando dons e talentos à disposição da comunidade orante.
De modo especial, na celebração da Primeira Eucaristia, é muito importante que os catequizandos sintam-se, de fato, celebrantes e não meros expectadores ou, pior ainda, os atrativos da festa litúrgica. Essa participação é fruto de uma tomada de consciência do verdadeiro sentido da celebração e de um envolvimento de todos eles na sua preparação.
Um tempo razoável é necessário para que a Missa da Primeira Eucaristia seja bem preparada pelo grupo. Uma alternativa interessante é preceder a Festa Eucarística de outros encontros celebrativos, na própria caminhada catequética, tendo por base os temas eucarísticos. As várias dimensões da Eucaristia podem ser aprofundadas em retiros espirituais ou outras formas de reflexão.
A celebração da Primeira Eucaristia será tanto mais participada pelos catequizandos quanto mais eles próprios se sentirem responsáveis por ela. É importante que as sugestões partam deles e não sejam impostas por outros, mesmo que sejam modificadas segundo as possibilidades, dentro de um processo de formação litúrgico-catequética. É de muito proveito que as várias tarefas e funções sejam distribuídas com bastante antecipação, para uma assimilação maior, inclusive daqueles detalhes que exigem prática.
Também se mostra essencial que haja o cuidado da equipe de coordenação para que os textos bíblicos propostos para a Missa (se for domingo, solenidade ou festa litúrgica, os próprios do dia) sejam aprofundados pelo grupo. Podem fazer parte do roteiro dos retiros preparatórios, ou mesmo dos temas a serem tratados nos encontros que antecedem a data. Os cantos devem ser exaustivamente ensaiados, já que constituem parte integrante e bastante significativa da celebração. Valorizem-se as procissões próprias da celebração e demais oportunidades que o rito oferece para envolver outros catequizandos, pais e representantes da comunidade. Assim, fica bem evidente o caráter comunitário da Eucaristia.
Da parte dos presbíteros, é fundamental que conheçam bem os catequizandos, estejam entrosados com eles, os acompanhem no itinerário preparatório e cumpram seu ministério da presidência com muita alegria e espírito de acolhida. É uma excelente ocasião para aprofundar o sentido da Eucaristia na vida pessoal e comunitária e mostrar as consequências vivenciais de tão importante Sacramento no cotidiano da assembléia ali presente.
Pe. Vanildo de Paiva
Especialista em Catequese e Liturgia e professor do IRPAC
A realização da Festa Eucarística na qual os catequizandos comungarão, pela primeira vez, o Pão e o Vinho consagrados, deve ser bem preparada pelos próprios catequizandos e seus catequistas, contando com a ajuda das equipes de liturgia e demais membros da comunidade. A dimensão comunitária da Eucaristia precisa aparecer desde o processo de planejamento da celebração. Assim, a Missa será o cume de uma caminhada de irmãos! Apresentaremos alguns elementos importantes, relativos à festa eucarística.
A “consciência eucarística” do catequizando
Uma das questões mais polêmicas gira em torno da idade que o catequizando precisa ter para que faça a sua Primeira Eucaristia. Em nome disso, a quantos casuísmos e confusões já temos assistido em nossas comunidades! Normatizar idade é desconsiderar os principais elementos da caminhada catequética: o crescimento pessoal e engajamento comunitário do catequizando.
Ainda que a comunidade deva estabelecer uma idade média para que uma criança faça sua Primeira Eucaristia, o que ajuda a organizar e oferece um critério para resolver questões práticas, esse critério jamais deve ser o principal e único. O mais importante é avaliar a caminhada feita pelo catequizando, seu nível de maturidade na fé (ainda que relativa e progressiva!), seu comprometimento com o processo catequético e com a vida da comunidade, o gosto que manifesta em participar das celebrações litúrgicas, e, especialmente, o testemunho de partilha e solidariedade que ele dá, no dia-a-dia. Jamais se qualifica um catequizando como “preparado” para a vida eucarística medindo o quanto ele sabe teoricamente sobre os ensinamentos de Jesus e da Igreja. O “teste” melhor é o da sua vida diária!
O Diretório Nacional de Catequese, nos números 312 e 313, confirma essa reflexão e apresenta algumas outras considerações relevantes sobre essa questão da idade e da maturidade do catequizando. Diz, enfaticamente, que “antecipar a idade para a celebração dos sacramentos pode ser, para muitos, antecipar a fragilidade da fé no cotidiano da vida e o distanciamento da vida da comunidade”.
Conclui-se, então, que o processo de avaliação de um catequizando, para que se perceba sua “consciência eucarística”, jamais pode ser feito somente pela catequista que fez a caminhada com o grupo e, muito menos, em cima da hora. O próprio catequizando precisa sentir-se sujeito do seu processo de amadurecimento e ser continuamente interpelado quanto à sua adesão à vida eucarística. Fundamental importância tem, também, a sua família, primeira responsável por sua educação na fé. Por isso, o diálogo com os pais e demais membros da família do catequizando deve ser contínuo, apesar de todas as dificuldades que os catequistas encontram para fazer essa interação. Também outros membros da comunidade podem e devem auxiliar no acompanhamento da trajetória de fé dos catequizandos (padrinhos, professores, amigos, padres, etc.).
Pe. Vanildo Paiva
Especialista em Catequese e Liturgia
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